Conheça Maninho, fusca cearense de 50 anos que rodou em todas as capitais do Nordeste; veja imagens

No Dia Nacional do Fusca, o Diário do Nordeste traz a história do veículo azul que leva artistas para os espetáculos nas capitais e no sertão

Foto-Reprodução

O motor do fusca ‘Maninho” dá o tom nas estradas entre cidades nordestinas. No Sol ou na chuva forte, o azul tradicional brilha e desperta olhares por onde passa com espetáculos circenses. Para isso, lona, equipamentos e até itens de cozinha são carregados no teto e no bagageiro. Em breve, a próxima excursão vai cruzar o País.

A iniciativa Fuscirco foi criada pelos artistas Henrique Rosa e Amanda Santos, os palhaços Rupi e Pitchula, há 3 anos. Desde então, foram feitas apresentações em todas as capitais nordestinas e em incontáveis cidades no interior dos estados. 

Legenda: Henrique e Amanda visitam capitais e cidades do sertão nordestino em apresentações artísticasFoto: Fuscirco/Reprodução

Tudo isso acontece sob as quatro rodas do veículo de 1974. Mas a fabricação brasileira do modelo começou antes, em 20 de janeiro de 1959. Por isso essa data se tornou o Dia Nacional do Fusca.

A produção encerrou há mais de 25 anos, mas os fusquinhas ainda colorem as ruas do Ceará a fora. 

“O fusca é um carro atrativo, faz com que as pessoas cheguem e perguntem sobre, porque todo mundo tem uma história com um fusca, seja porque já teve ou andou”, reflete Henrique Rosa, que já dedicou 15 dos 31 anos à arte.

No caso dele, o modelo remete às memórias da infância. “Desde sempre eu quis ter um fusca, e a Amanda também, meu avô sempre teve carros antigos, bonitos, mais alongados ou compactos. Hoje os carros são todos do mesmo jeito”, pontua Henrique

O fusca é muito cênico, muito bonito, parece um carro de circo e eu tinha essa vontade. Achamos que seria ideal para o projeto e demos o nome de Fuscirco

HENRIQUE ROSA

Artista

As ideias foram colocadas em prática com a chegada da vacina contra a Covid e a queda nos números da pandemia. Com isso, a “cozinha” foi colocada dentro de uma mala e o cenário de circo num espaço em cima do veículo.

“Sempre com o pensamento de ser o nosso transporte, a nossa casa. Na hora do espetáculo, se transforma no nosso camarim e, no final, o espaço de fuga”, completa o artista. As viagens foram divididas em etapas, sempre com Fortaleza como destino final.

  • 1º Circuito: Em rumo à São Luiz do Maranhão, passando por cidades como Sobral, Tianguá, Campo Maior e Teresina, no Piauí, e Caxias, no Maranhão.
  • 2º Circuito: Ida até a Bahia, com visita a lugares como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
  • 3º Circuito: Os artistas saíram no sentido do cariri cearense, sertão da Paraíba e Rio Grande do Norte, por exemplo.

Amanda e Henrique formalizaram a iniciativa e buscaram parceria com outros artistas para a realização dos espetáculos e oficinas. Os dois, sempre que voltam para Fortaleza, realizam a manutenção do fusquinha e fazem a produção da próxima jornada.

Legenda: Famílias se reúnem para assistir os espetáculos e ficam livres para dar uma ajuda aos artistasFoto: Jorge Farias/Reprodução

Nos lugares em que passam, se alojam em campings com cozinha coletiva e banheiros. Também contam com a receptividade de pessoas que cedem a garagem e outros espaços de onde vivem para abrigar a dupla.

“Outros lugares em que a gente dorme bastante são em postos de gasolina 24h, tem segurança, banheiro e restaurante”

O fusca tem esse poder de conectar com pessoas boas, aparecem muitos para receber a gente, que através do fusca convidou a gente para conhecer a família. E tem essa magia do circo, então é uma junção muito forte. São minhas paixões

HENRIQUE ROSA

Artista

Legenda: Campings entre as estradas funcionam para a estadia de Henrique e AmandaFoto: Fuscirco/Reprodução

PERRENGUES DA VIAGEM

Os ouvidos dos artistas também estão apurados para reconhecer algum problema no fusquinha, também chamado de “Brabo” em alguns momentos. Em um deles, Henrique e Amanda tiveram de se desdobrar.

“Existe uma peça que liga a caixa de direção do fusca e quando estávamos saindo de Porto de Galinhas, quando quebrou. Foi muito difícil para que um mecânico fosse lá, passamos o dia numa andança até que veio um e trocou”, lembra Henrique.

Além dos aprendizados artísticos, com públicos diferentes em lugares desconhecidos, os condutores do Maninho acabam por saber mecânica básica.

Legenda: Os dois levam risada na bagagem e distribuem para o públicoFoto: Fuscirco/Reprodução

“A gente não andou nem 100 km e a mesma peça quebrou, mas como eu já tinha visto como que ele trocou, eu fui no camping, consegui uma borracha e uma serra, e consegui consertar”, completa sobre o episódio.

Mas o fusca é resistente. Esse, inclusive, é o segundo carro do mesmo modelo usado para realizar o Fuscirco. “O dono tinha esse carro, mandou restaurar inteiro e deu de presente para o filho, que não quis”, comenta sobre a história do Maninho.

O potencial do fusca será colocado à prova mais uma vez agora para cruzar o País e, quem sabe, visitar locais da América Latina, como Chile, Paraguai e Argentina. O certo é que no meio do ano, o Fuscirco parte para Belém, Tocantins, Goiás, Brasília e Mato Grosso do Sul.

Legenda: Os artistas se preparam para a próxima viagem, que deve ser a mais longa até o momento, de um ano e meioFoto: Fuscirco/Reprodução

“No Nordeste só aconteceu coisa boa, a gente fica em Fortaleza até junho, quando a gente sai para o próximo circuito no Norte e no Sul do Brasil e voltamos só no final de 2024”, projeta.

Fonte:https://diariodonordeste.verdesmares.com.br

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